INTRODUÇÃO: A Doença de Whipple (DW) é uma doença infecciosa sistêmica rara, estimada em 12 novos casos a nível mundial, causada pelo bacilo gram positivo Tropheryma Whipplei (actinomiceto), mais comum em homens. Foi descrita pela primeira vez em 1907, por George Whipple, acomete, sobretudo o intestino delgado e sua drenagem linfática, porém exibe sinais extra-intestinais e alterações neurológicas, dentre as mais freqüentes: alterações cognitivas, distúrbios dos movimentos oculares, mioclonias e alterações hipotalâmicas. Alterações na linguagem e encefalopatia de Wernick também são presentes (Abreu, P.; Azevedo, E.; Lobo, L.; Moura, C.S.; Pontes, C.; 2004). OBJETIVO: verificar a presença de alterações na linguagem oral de um paciente com diagnóstico de DW. MÉTODOS: paciente, sexo masculino, de cor branca, 62 anos, acamado, em VE e uso de Máscara de Venturi 35%, em antibioticoterapia desde 2007 quando foi realizado diagnóstico médico com biópsia de duodeno ao exame histopatológico, hospitalizado em Unidade para Pacientes Críticos. Na Tomografia Computadorizada de Crânio apresentou: Atrofia Cortical Difusa, infartos lacunares antigos e Hidrocefalia ex-vácuo. O paciente foi avaliado através da conversação com o examinador, com mínimo ruído ambiental no momento da abordagem para evitar a distração, quando foram avaliados: 1.habilidades comunicativas; 2.capacidade de estabelecer diálogo e mantê-lo; 3.coerência e contexto das respostas orais; 4.nomeação; 5.repetição; 6.orientação no tempo e no espaço; 7.raciocínio lógico-matemático; 8.resolutividade de problemas situacionais; 9.memória e 10.fluência da fala. RESULTADOS: os achados apontaram alteração nos seguintes itens: 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e respostas assistemáticas nos demais. Apresentou, ainda, anomias, fala ininteligível e perseveração predominando sobre as demais manifestações. DISCUSSÃO: a assistematicidade de respostas na prova de nomeação e no item “fluência da fala” pode ser justificada, pelo menos, visto déficit na capacidade de memorização, interferindo diretamente no desempenho do paciente; as habilidades cognitivo-lingüísticas encontraram-se seriamente comprometidas, achados que revelam a realidade da atrofia que ocorreu de forma difusa e associada a infartos lacunares e hidrocefalia, prejudicando de forma significante a competência cerebral. CONCLUSÃO: o presente estudo constatou Afasia com prejuízo na cognição no paciente com DW, o que é compatível com descrição da literatura, devendo ser mais estudos realizados para caracterização desse achado.
Palavras-Chaves: síndrome, cognição, sistema nervoso central, afasia, neurociências.
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