sexta-feira, 15 de abril de 2016

Dieta oral é segura no paciente internado em UTI com TCE e trauma mandibular associado?



INTRODUÇÃO: alimentação pela via oral de forma segura em pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico que também sofreram fratura de mandíbula é um ponto crítico, pouco discutido na literatura. Sabe-se que tratamento cirúrgico da buco-maxilo-facial (CBMF), quando indicado, necessita de imobilização maxilo-mandibular ao passo que essa população pode apresentar distúrbio de deglutição, sobretudo quando se trata de internação em unidades de terapia intensiva (UTI). As causas da disfagia nesses casos podem ser: 1) mecânicas, como relacionadas ao tempo de intubação orotraqueal, necessidade de traqueostomia; 2) medicamentosas, como sedoanalgesia, relaxantes musculares; 3) neurológicas, por lesão em pares cranianos envolvidos na deglutição, déficit cognitivo causado pelo traumatismo crânio encefálico (TCE); e 4) funcionais, por fraqueza muscular, incoordenação oral e privação alimentar. OBJETIVO: Avaliar critérios de segurança a serem considerados na liberação da dieta pela via oral do paciente vítima de TCE associado ao trauma mandibular, submetido à imobilização maxilo-mandibular no pós-operatório da cirurgia bucomaxilo facial (CBMF). MÉTODO: Serão levantados os principais critérios considerados para discutir segurança da dieta oral no paciente com TCE e imobilização maxilo-mandibular, esses critérios envolvem: nível de consciência do paciente, manutenção do estado alerta para alimentação, preservação das funções orofaciais de sucção e deglutição, tosse eficaz, sensibilidade preservada de oro-faringo-laringe, capacidade de proteger vias aéreas, coordenação entre sugar, deglutir e respirar, condições psicológicas preservadas para garantir aceitação satisfatória da dieta oral com restrição de consistências alimentares, garantia de higiene oral adequada pelo próprio paciente ou equipe de enfermagem. RESULTADOS: Considerando levantamento dos critérios de segurança da dieta oral dos pacientes com TCE que estão em imobilização maxilo-mandibular, concluímos que esses pacientes podem também apresentar disfagia. Dietas ralas indicadas nesses casos podem representar riscos de aspiração laringo-traqueal dependendo da gravidade da disfagia que o paciente apresentar. Pacientes com baixos níveis atencionais podem apresentar escape posterior precoce dos líquidos, num momento em que a via aérea está aberta na dinâmica respiratória. Comprometimentos do nervo facial-VII par craniano pode implicar paralisia facial e incapacidade de sucção. Dessensibilização intra-oral e faringolaríngea podem ocorrer por lesão nos nervos trigêmeo, glossofaríngeo e vago. Presença de traqueostomia pode ocasionar impacto na deglutição. Avaliação fonoaudiológica pode contribuir na tomada de decisão uma vez que caracteriza funcionalidade da deglutição e lança mão de estratégias terapêuticas reabilitadoras, podendo auxiliar a equipe de nutrição na prescrição da dieta mais adequada. CONCLUSÃO: Dieta oral nem sempre é segura do ponto de vista funcional da deglutição no paciente com TCE e trauma de face internado em UTI quando ele tem disfagia. Dieta oral exclusiva, do ponto de vista nutricional deve ser bem avaliada. A via de nutrição do paciente vítima de TCE associado ao trauma mandibular, que foi submetido à imobilização maxilo-mandibular no pós-operatório da CBMF, e decisão da liberação de dieta pela via oral de forma segura exigem conhecimentos interdisciplinares. A redução do tempo de internação hospitalar e o sucesso terapêutico indicam o tão necessário diálogo entre profissionais envolvidos em cada caso, em suas especificidades.

Outros Autores:

SARA VIRGINIA PAIVA SANTOS

Sheila Schneiberg
Paulo Henrique Luiz de Freitas
Andre Luiz de Oliveira Nascimento
Carla Patricia Hernandez Alves Ribeiro Cesar
Danielle Ramos Domenis
Claudia Sordi

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