INTRODUÇÃO: alimentação
pela via oral de forma segura em pacientes vítimas de traumatismo
cranioencefálico que também sofreram fratura de mandíbula é um ponto crítico, pouco
discutido na literatura. Sabe-se que tratamento cirúrgico da buco-maxilo-facial
(CBMF), quando indicado, necessita de imobilização maxilo-mandibular ao passo
que essa população pode apresentar distúrbio de deglutição, sobretudo quando se
trata de internação em unidades de terapia intensiva (UTI). As causas da
disfagia nesses casos podem ser: 1) mecânicas, como relacionadas ao tempo de
intubação orotraqueal, necessidade de traqueostomia; 2) medicamentosas, como sedoanalgesia,
relaxantes musculares; 3) neurológicas, por lesão em pares cranianos envolvidos
na deglutição, déficit cognitivo causado pelo traumatismo crânio encefálico
(TCE); e 4) funcionais, por fraqueza muscular, incoordenação oral e privação
alimentar. OBJETIVO: Avaliar
critérios de segurança a serem considerados na liberação da dieta pela via oral
do paciente vítima de TCE associado ao trauma mandibular, submetido à imobilização
maxilo-mandibular no pós-operatório da cirurgia bucomaxilo facial (CBMF). MÉTODO: Serão levantados os principais critérios
considerados para discutir segurança da dieta oral no paciente com TCE e
imobilização maxilo-mandibular, esses critérios envolvem: nível de consciência
do paciente, manutenção do estado alerta para alimentação, preservação das
funções orofaciais de sucção e deglutição, tosse eficaz, sensibilidade
preservada de oro-faringo-laringe, capacidade de proteger vias aéreas, coordenação
entre sugar, deglutir e respirar, condições psicológicas preservadas para
garantir aceitação satisfatória da dieta oral com restrição de consistências
alimentares, garantia de higiene oral adequada pelo próprio paciente ou equipe
de enfermagem. RESULTADOS: Considerando
levantamento dos critérios de segurança da dieta oral dos pacientes com TCE que
estão em imobilização maxilo-mandibular, concluímos que esses pacientes podem
também apresentar disfagia. Dietas ralas indicadas nesses casos podem
representar riscos de aspiração laringo-traqueal dependendo da gravidade da
disfagia que o paciente apresentar. Pacientes com baixos níveis atencionais
podem apresentar escape posterior precoce dos líquidos, num momento em que a
via aérea está aberta na dinâmica respiratória. Comprometimentos do nervo
facial-VII par craniano pode implicar paralisia facial e incapacidade de
sucção. Dessensibilização intra-oral e faringolaríngea podem ocorrer por lesão nos
nervos trigêmeo, glossofaríngeo e vago. Presença de traqueostomia pode
ocasionar impacto na deglutição. Avaliação fonoaudiológica pode contribuir na
tomada de decisão uma vez que caracteriza funcionalidade da deglutição e lança
mão de estratégias terapêuticas reabilitadoras, podendo auxiliar a equipe de
nutrição na prescrição da dieta mais adequada. CONCLUSÃO: Dieta oral nem sempre é segura do ponto de vista
funcional da deglutição no paciente com TCE e trauma de face internado em UTI
quando ele tem disfagia. Dieta oral exclusiva, do ponto de vista nutricional
deve ser bem avaliada. A via de nutrição do paciente vítima de TCE associado ao
trauma mandibular, que foi submetido à imobilização maxilo-mandibular no
pós-operatório da CBMF, e decisão da liberação de dieta pela via oral de forma
segura exigem conhecimentos interdisciplinares. A redução do tempo de
internação hospitalar e o sucesso terapêutico indicam o tão necessário diálogo
entre profissionais envolvidos em cada caso, em suas especificidades.
Outros Autores:
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SARA VIRGINIA PAIVA SANTOS
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Sheila Schneiberg
Paulo Henrique Luiz de Freitas Andre Luiz de Oliveira Nascimento Carla Patricia Hernandez Alves Ribeiro Cesar Danielle Ramos Domenis Claudia Sordi |
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