Autor(es): FRANCIELLE FEITOSA DIAS SANTOS, MARGARETH SOUZA ANDRADE, MICHELLE CARVALHO GAMA, ROANNE DE OLIVEIRA PEREIRA, SARA VIRGÍNIA PAIVA SANTOS
ACHADOS FONOAUDIOLÓGICOS NA PORENCEFALIA PARIETO-FRONTAL ESQUERDA: RELATO DE CASO
Introdução: De acordo com a definição de Koreaki Mori (1985), a porencefalia constitui a presença de “cavidades” simples ou múltiplas, intraparenquimatosas em um ou em ambos os hemisférios cerebrais, preenchidas por líquor, e que se comunicam com o sistema ventricular ou com o espaço subaracnóideo. Classifica-se em Porencefalia Verdadeira ou Congênita quando ocorrem anomalias no desenvolvimento embrionário e lesões intra-uterinas; e em Porencefalia Encefaloclástica ou Adquirida, quando ocorre lesão traumática peri-natal ou não, lesão inflamatória, AVE, cirurgia (punção ou drenagem ventricular). Os quadros clínicos são diversos e dependem da extensão, tipo de envolvimento encefálico e da época da sua instalação. As manifestações fonoaudiológicas mais encontradas referem-se a afecções secundárias a porencefalia e estão associadas a distúrbios de tônus muscular, mobilidade e postura de órgãos fonoarticulatórios (OFAS), transtornos auditivos e de linguagem. Entretanto, não foram encontrados na literatura pesquisada estudos que façam relação direta entre alterações fonoaudiológicas e porencefalia (NUNES, A.; GONÇALVES, M.; GOMES, V., 1994). Objetivo: descrever as alterações miofuncionais orofaciais em indivíduo portador de porencefalia parieto-frontal esquerda. Método: estudo clínico-qualitativo, desenvolvido por meio de estudo de caso único. O sujeito foi um adulto de vinte e três anos, do gênero masculino, com diagnóstico de Porencefalia parieto-frontal esquerda, atendido na Clínica Escola de Fonoaudiologia
da Universidade Federal de Sergipe - UFS. Foi realizada avaliação fonoaudiológica clínica (AFC) e selecionados alguns itens do protocolo do “Laboratório de Investigação Fonológica em Síndromes e Alterações Sensório-Motoras - (LIF-SASM)” para aplicação. Resultados: o indivíduo apresentou no repouso: ausência de vedamento labial, lábio superior hipertônico; língua hipotônica, apoiada
no assoalho da boca, com frênulo curto; bochechas hipotônica do lado direito e hipertônica do lado esquerdo; mandíbula abaixada em pequena abertura de boca e palato duro atrésico, ogival. Quanto à mobilidade, o indivíduo não realizou protrusão, retração, lateralização, vibração e estalo de lábios; não levou a língua aos quatro pontos cardeais e não fez movimento de vibração; não inflou
e sugou bochechas. Com referência a arcada dentária, apresentou mordida aberta anterior com tendência a Classe II de Angle. Quanto à avaliação das funções estomatognáticas, verificou-se comprometimento em todas elas, conforme caracterização a seguir: escape anterior do bolo alimentar durante sucção e mastigação, sendo esta predominantemente unilateral à esquerda, com flexão
cervical associada; alteração de fase oral da deglutição com vedamento labial ineficiente, assim como o preparo do bolo alimentar; na fala apresentou articulação imprecisa e a respiração foi predominantemente oronasal. Discussão: os resultados da AFC corroboraram com dados da literatura em relação às alterações provenientes de lesão neurológica referente ao comprometimento de tônus, postura e movimento. As alterações nas funções estomatognáticas podem ser justificadas por tais alterações supracitadas. A flexão cervical associada à ausência de vedamento labial ocasionaram escape extra-oral. Conclusão: indivíduos com diagnóstico de porencefalia podem apresentar prejuízos em órgãos e funções do sistema estomatognático necessitando de intervenção fonoaudiológica. Com
este relato incentiva-se a realização de mais estudos que correlacionem a porencefalia, os achados fonoaudiológicos e o desempenho no processo terapêutico.
Dados de publicação
Página(s) : p.1857
URL (endereço digital) : http://www.sbfa.org.br/portal/suplementorsbfa
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