segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DISFAGIA UTILIZADOS EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL NO BRASIL

CAPÍTULO IX
Coletâneas em Saúde – Volume V


INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DISFAGIA UTILIZADOS EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL NO BRASIL


Sara Virgínia Paiva-Santos1
Brenda Carla Lima Araújo2
Thales Rafael Correia de Melo Lima3
Claudia Sordi4
Sheila Schneiberg4

1 Especialista em Disfagia – Conselho Federal de Fonoaudiologia.
2 Professora Assistente – Universidade Federal de Sergipe
3 Especialização em Audiologia – Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira.
4 Professora Adjunta – Universidade Federal de Sergipe.


INTRODUÇÃO


           Crianças com Paralisia Cerebral (PC) podem apresentar comprometimentos na função de deglutição, que vão desde alterações na captação do alimento até presença de sinais sugestivos de penetração laríngea e/ou aspiração. Assim, a avaliação da deglutição nessas crianças deve ser realizada de forma criteriosa, visto que em 90% desses casos a disfagia é uma comorbidade presente. 

           Qualquer sintoma relacionado com a alteração no ato de deglutir que dificulte ou impeça a ingestão oral segura, eficiente, confortável e que pode trazer prejuízos nutricionais e pulmonares deve ser avaliada. Além disso, esse grupo de desordens do movimento e da postura que ocorrem em crianças com paralisia cerebral é de alta incidência no Brasil, de 7/1000 nascimentos1,2.

          Dessa forma, conhecer os instrumentos de avaliação utilizados na área de disfagia no nosso país é fundamental para o direcionamento da intervenção e aprimoramento da prática clínica, uma vez que esses instrumentos facilitam o diagnóstico preciso, a documentação da evolução do paciente ao longo do tratamento e a realização de pesquisa científica pela possibilidade de sistematização e objetividade dos dados3-6. 
       
  O objetivo deste capítulo foi realizar uma revisão da literatura dos instrumentos utilizados para avaliação clínica da disfagia em crianças com paralisia cerebral no Brasil.


MÉTODO

       Foi realizada busca dos artigos nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), utilizando-se os descritores: “disfagia”, “paralisia cerebral” e “escalas”, bem como a associação entre eles, todos no campo “título”. A busca foi realizada no mês de abril de 2016, dos artigos publicado nos últimos quinze anos.
    
   Foram incluídos artigos brasileiros que na sua metodologia avaliaram a deglutição em crianças com paralisia cerebral e, posteriormente, foram identificados os instrumentos de avaliação utilizados. Para isso, foi realizada leitura prévia dos resumos dos artigos encontrados, identificação dos trabalhos duplicados e selecionados para leitura na íntegra aqueles artigos que versavam sobre o tema em estudo. Foram excluídos os trabalhos que não foram feitos no Brasil, bem como os de língua inglesa e espanhola ou que não avaliaram a funcionalidade da deglutição.


RESULTADOS

        Após a busca nas bases de dados supracitadas, foram encontrados ao todo 51 artigos. Destes, 38 não foram incluídos na pesquisa, pois 23 não tratavam sobre o tema da pesquisa incluindo os critérios definidos, oito estavam duplicados e sete não eram brasileiros ou não foram escritos em português, conforme especifica o fluxograma abaixo (Figura 1).





         Na base de dados SciELO foram encontrados 11 artigos sobre o tema em estudo, sendo que sete deles avaliaram a deglutição em crianças com paralisia cerebral. Os trabalhos foram publicados no período de 2001 a 2013 (conforme Quadro 1). Na base de dados LILACS foram encontrados 22 artigos sobre o tema, sendo que apenas seis cumpriram os interesses do estudo. Na BIREME não foram encontrados estudos brasileiros, apenas um estudo espanhol e seis ingleses.






      Dos artigos incluídos, nota-se que apenas 46% utilizaram alguma escala ou protocolo de avaliação da deglutição. Observa-se que a escala mais utilizada (15,3% dos estudos) foi a Functional Oral Intake Scale (FOIS)10,14, para evidenciar o nível de ingestão pela via oral, seguido dos Protocolos ROGS11 (7,7%), Protocolo descrito por Junqueira;Costa17 (7,7%), check lists/escala de frequência de salivação13 (7,7%) e protocolos confeccionados pelos autores16 (7,7%).

         Outros métodos utilizados no processo de avaliação clínica da deglutição, pelos fonoaudiólogos brasileiros, incluíram: anamnese, avaliação fonoaudiológica clínica seguida de avaliação funcional da deglutição, com a oferta de diferentes consistências alimentares, ausculta cervical da deglutição, classificação do grau de disfagia, além dos já citados: escala FOIS, check list, escalas de frequência de salivação e informações complementares da evolução nutricional e pulmonar7,8,9,12,15,18,19.

         Por outro lado, algumas técnicas de avaliação instrumental vêm sendo aperfeiçoadas e descritas na literatura, fornecendo dados cada vez mais precisos de acordo com seus objetivos e limitações, dentre elas destacam-se: a videofluoroscopia da deglutição (VFD), a avaliação endoscópica da deglutição (AED), a eletromiografia de superfície, a ultrassonografia, o sonar doppler e a endoscopia virtual por tomografia computadorizada com software de reconstrução20,21. Dentre essas, as mais utilizadas no diagnóstico das disfagias são a VFD e a AED.

         Assim, os resultados desta busca evidenciaram que a avaliação da disfagia em crianças com PC no Brasil não tem utilizado ainda, de forma sistemática, escalas validadas com medidas psicométricas bem estabelecidas, sendo utilizados, em sua maioria, protocolos de avaliação construídos pelos próprios avaliadores/pesquisadores; de fato, a utilização de instrumentos validados na população brasileira permitiria a utilização de resultados ainda mais fidedignos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


         Esta revisão da literatura dos instrumentos utilizados para avaliação da disfagia em crianças com paralisia cerebral mostrou que a prática clínica no Brasil já tem utilizado escalas de avaliação, mas que fica evidente a necessidade de utilização de escalas validadas na população brasileira para garantia de dados mais confiáveis, seguros e reprodutíveis.



REFERÊNCIAS

1. Jotz GP, Dornelles S. Fisiologia da deglutição. In: Jotz GP, Angelis EC de, Barros APB. Tratado de deglutição e disfagia no adulto e na criança. Rio de Janeiro: Revinter; 2009. p. 16-9.

2. Corrie EE, Karen van H, Jan JR, Michel AAPW, Peter HJ. Clinical practice: swallowing problems in cerebral palsy. Eur J Pediatr. 2012; 171(3):409-14.

3. Morgan AT, Dodrill P, Ward EC. Interventions for oropharyngeal dysphagia in children with neurological impairment. Cochrane Database Syst Rev. 2015; 17(10):1-35.

4. Amaral M, Paula RL, Drummond A, Dunn L, Mancini C. Tradução do questionário Children Helping Out – Responsibilities, Expectations and Supports (CHORES) para o português - Brasil: equivalências semântica, idiomática, conceitual, experiencial e administração em crianças e adolescentes normais e com paralisia cerebral. Rev Bras Fisioter. 2012;16(6):515-22.

5. Giusti E, Befi-Lopes DM. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos estrangeiros para o Português Brasileiro (PB). Pro-Fono R. Atual. Cient. 2008; 20(3):207-10.

6. Magalhães Júnior HV, Pernambuco LA, Souza LBR, Ferreira MAF, Lima KC. Tradução e adaptação transcultural do Northwestern Dysphagia Patient Check Sheet para o português brasileiro. CoDAS 2013; 25(4):369-74.

7. Lustre NS, Freire TRB, Silvério CC. Medidas de tempo de trânsito oral em crianças com paralisia cerebral de diferentes níveis motores e sua relação com o grau de severidade para disfagia. ACR 2013; 18(3):155-61.

8. Vianna CIO, Suzuki HS. Paralisia cerebral: análise dos padrões da deglutição antes e após intervenção fonoaudiológica. Rev. CEFAC. 2011;13(5):790-800.

9. Silvério CC, Henrique CS. Paciente com paralisa cerebral coreoatetóide: evolução clínica pós-intervenção. Rev. CEFAC. 2010; 12(2):250-6.

10. Furkim AM, Duarte ST, Sacco AFB, Soria FS. O uso da ausculta cervical na inferência de aspiração traqueal em crianças com paralisia cerebral. Rev.CEFAC. 2009; 11(4):624-9.

11. Silvério CC, Henrique CS. Indicadores da evolução do paciente com paralisia cerebral e disfagia orofaríngea após intervenção terapêutica. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009; 14(3):381-6.

12. Lucchi C, Florio CPF, Silverio CC, Reis TM. Incidência de disfagia orofaríngea em pacientes com paralisia cerebral do tipo tetraparéticos espásticos institucionalizados. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009; 14(2):172-6.

13. Manrique D, Melo ECM, Buhler RB. Avaliação nasofibrolaringoscópica da deglutição em crianças. Rev. Bras. Otorrinolaringol. 2001; 67(6):796-801.

14. Queiroz MAS, Andrade ISN, Haguette RCB, Haguette EF. Avaliação clínica e objetiva da deglutição em crianças com paralisia cerebral. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 16(2):210-4.

15. Ribeiro MO, Rahal RO, Kokanj AS, Bittar DP. O uso da bandagem elástica Kinesio no controle da sialorréia em crianças com paralisia cerebral. Acta Fisiatr 2009; 16(4):168-72.

16. Marrara JL, Duca AP, Dantas RO, Trawizki LVV, Lima RAC, Pereira JC. Deglutição em crianças com alterações neurológicas: avaliação clínica e videofluoroscópica. Pró-Fono 2008; 20(4):231-6.

17. Vivone GP, Tavares MMM, Bartolomeu RS, Nemr K, Chiappetta ALML. Análise da consistência alimentar e tempo de deglutição em crianças com paralisia cerebral tetraplégica espástica. Rev CEFAC 2007; 9(4):504-11.

18. Yamada EK, Siqueira KO, Xerez D, Koch HÁ, Costa MMB. A influência das fases oral e faríngea na dinâmica da deglutição. Arq Gastroenterol 2004; 41(1):18-23.

19. Furkim AM, Behlau MS, Weckx LLM. Avaliação clínica e videofluoroscópica da deglutição em crianças com paralisia cerebral tetraparética espástica. Arq Neuropsiquiatr 2003; 61(3-A):611-6.

20. Lynch CS, Chammas MC, Mansur LL, Cerri GG. Biomecânica ultra-sonográfica da deglutição: estudo preliminar. Radiol Bras 2008;41(4):241-44.

21. Santos RS, Filho EDM. Sonar Doppler as na Instrument of Deglutition Evaluation. Arch. Otorhinolaryngol. 2006;10(3):182-91.


Como citar este capítulo:

Paiva-Santos SV, Araújo BCL, Lima TRCM, Sordi C, Schneiberg S. Instrumentos de avaliação da disfagia utilizados em crianças com paralisia cerebral no Brasil. In: Sordi C, César CPHAR, Paranhos LR, organizadores. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2016. 5v. p.

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P 223c SORDI, Cláudia; CÉSAR, Carla Patrícia Hernandez Alves
Ribeiro; PARANHOS, Luiz Renato; (org.) - Coletâneas em
Saúde - Volume V - São José dos Pinhais: Editora Plena,
2016. 120p.
ISBN: 978-85-64327-23-8
1. Odontologia. 2. Fisioterapia. 3. Fonoaudiologia.
4. Medicina. 5. Multidisciplinar.
I. Título
CDD: 617.6

quinta-feira, 21 de abril de 2016

ORIENTAÇÕES SOBRE SAÚDE VOCAL


Evite os seguintes hábitos:

- Ingestão de álcool e/ou bebidas alcoólicas (pois, funcionam como um anestésico das pregas vocais, permitindo maior abuso vocal);
- Exposição ao ar condicionado (causa ressecamento do trato vocal);
- O “choque térmico”, que é a mudança brusca de temperatura (ar condicionado=>sol), reduz as defesas do organismo, faz aumentar a produção de muco e provoca o pigarro;
- Gritar (pode causar trauma vocal);

- Pigarrear (agressão as pregas vocais e pode causar trauma vocal), prefira engolir a saliva;
- O fumo (alto índice de câncer de laringe);
- Uso de drogas (cocaína, maconha e derivados);
- Evite comer chocolate, acarajé, corantes, tomar café, comidas muito temperadas antes do uso intensivo da voz; opte por uma alimentação mais leve, menos gordurosa e menos condimentada;
- Procure vestir roupas não-apertadas na região costal. Roupas apertadas dificultam a respiração e exigem maior esforço respiratório;
- Beba bastante água. O recomendado é que se beba 2 litros de água por dia. Adote o hábito de levar sempre uma garrafinha de água natural para estimular esse hábito. A hidratação vocal reduz o pigarro, sintoma muito comum em profissionais da voz (professores, cantores, locutores, etc.);

- Evite a auto-medicação. Não tome remédios por conta própria;
- Não fale sussurrando, você pode estar causando tensão as suas pregas vocais;
- Procure não falar alto. O abuso vocal predispõe muitas patologias;
- Procure fazer alguma atividade física (correr, nadar, etc.)
- Evite a competição sonora. Falar na presença de som muito alto/barulho faz você abusar da sua voz por ter que falar mais alto;

- quando a mulher está menstruada é normal leve “inchaço” nas pregas vocais, a voz ficar mais grave e rouca. Evite abusar da voz nesse período.
- A falta de repouso adequado influencia na qualidade da sua voz. Procure dormir o suficiente. O sono é um ótimo repouso da sua voz e libera as tensões do seu corpo;
- O uso de pastilhas, balas de gengibre, sprays, anestesiam a faringe dando uma sensação de frescor e alívio. Uma vez que dão a sensação de melhora, fazem você se sentir à vontade para abusar da sua voz. Quando a sensação passar seus sintomas vocais retornarão. 


Estimule a Linguagem na Criança: Compreensão e Expressão Verbal_Destinado aos Pais e Cuidadores de Crianças

Estimule a Linguagem na Criança:

Compreensão e Expressão Verbal

Destinado aos Pais e Cuidadores de Crianças




Atividades que favorecem o desenvolvimento da Compreensão Verbal:

● Associem o gesto à fala, em expressões do cotidiano: “tchau, vem cá, ali, aqui, eu, você”;
● Digam o nome das coisas e objetos que o rodeia, por categorias, de forma aumentar o vocabulário: partes do corpo (enquanto se veste ou toma banho), peças de roupa (à medida que se veste ou que se despe), alimentos (quando faz compras, cozinha ou durante as refeições), nomes de locais que vai com freqüência (a escola, a sua casa, a dos avós, o supermercado, etc), animais, cores (da roupa, dos lápis, etc);
● Recortem figuras de revistas/folhetos e colem num caderno (folhas brancas), agrupando por categorias;
● Joguem o “jogo de categorias”: primeiro definir a categoria (por exemplo: animais) e depois cada jogador nomeia um elemento (por exemplo: cão, gato, pato...);
● Joguem o “jogo de contrários”: peça à criança para completar as frases (por exemplo: o contrário de grande é..., o contrário de quente é...) e dê exemplos: elefante (grande)/rato (pequeno); sopa (quente)/gelado (frio);
● Descrevam o que estão a fazer, a ver, ouvir e/ou sentir;
● Brincar ao “para que serve?” em que a criança descubra para que servem os objetos (bebo água no..., corto o pão com a..., penteio o cabelo com o..., lavo as mãos na...).



Atividades que favorecem o desenvolvimento da Expressão Verbal:

● Contar história, fazer em conjunto com o pai ou a mãe, em que um deles lê uma página do livro e o filho conta o que acontece na seguinte;
● Ser a criança a contar a história (noite) aos pais, utilizando livros que predominem imagens;
● Aprender canções simples, pouco elaboradas e cantá-las na hora do banho ou da brincadeira, ao deitar, no carro, etc;
● Relatar em conjunto como correu o vosso dia de trabalho, de forma a que ele também conte o que aconteceu na escola;
● Fazer desenhos e criar a história deles, por escrito (pai ou mãe) ou oralmente;
● Contar uma história conhecida sem ajuda de ilustrações, como “Chapeuzinho Vermelho, Os Três Porquinhos, Cinderela”, etc;
● Brincar ao jogo simbólico/o jogo do ”faz de conta”;
● Dar pistas verbais, para que a criança descubra do que estão a falar. Por exemplo: é amarelo, é quente, é redondo, vive no céu... é o sol;
● Aprender rimas e cantá-las.



CONSELHOS A PAIS DE CRINAÇAS QUE GAGUEJAM

Como os pais podem ajudar:

Escutando o seu filho de modo diferente:



- Procure descobrir como você escuta o seu filho.

- Procure adaptar o seu diálogo ao mesmo nível mental e linguístico da criança.

- Procure sempre manter o contato visual, não desvie os olhos se ele gaguejar.

- Procure não fazer comentários sobre a maneira como falou. Concentre-se mais no conteúdo da mensagem.

Como Agir Diante de Situações de Disfluência

                           Sara Virgínia Paiva


SITUAÇÕES QUE ENTRAVAM NORMALMENTE O RITMO
COMO E PORQUE ACONTECE E COMO AGIR
INTERLOCUTOR DESATENTO
Para que o processo de comunicação se estabeleça deve haver um mensageiro e um receptor, feedback constante tanto auditivo como visual. Com esses sinais cessados ou inapropriados, a fluência tende a ser quebrada aparecendo hesitação na fala do receptor.
INTERRUPÇÕES E COMPETIÇÃO
Sendo normais não são maléficas. Somente as excessivas e inapropriadas devem ser evitadas.
TEMPO LIMITADO PARA FALAR
Deve-se reduzir as ocasiões em que a criança tenha que falar depressa.
FALAR EM PÚBLICO
A criança que está passando por dificuldades com a fala ficará duplamente nervosa. Falará espontaneamente quando se sentir à vontade.
TER DE SE EXPLICAR
Perguntas desnecessárias agravam a emoção e assim a criança, ao retrucar, terá tendência a responder hesitando e repetindo.
FALAR QUANDO MUITO EMOCIONADO
O medo, a raiva, a tristeza, a humilhação e a frustração são emoções que geralmente se fazem acompanhar de hesitações e alterações na fala. Evitar que as crianças falem numa dessas situações.
SUPEREXCITAÇÃO
Não estimular a criança demasiadamente; criar ambiente calmo.

Atraso de linguagem em crianças: ACONSELHAMENTO AOS PAIS


A melhor maneira da criança aprender sobre as coisas do mundo é fazendo ela interagir com o mundo que a cerca. Se seu filho ainda não conseguiu falar, ele será treinado por você a aprender a explorar o mundo e a saber como interagir nele através da linguagem.

Lista de atividades para serem trabalhadas em casa através do uso dos sentidos, da presença ou ausência das coisas e da obtenção de uma atenção concentrada.

Audição (de sons da fala)
- Fale o tempo todo com seu filho quando estiverem juntos.
- Ao falar use frases curtas e fale somente coisas bem concretas.
- Fale sobre coisas que você está fazendo ou que estão acontecendo. Ex: “Sua bola caiu”; “Você vai gora beber água”; “A mamãe está lavando os pratos”.

Visão
- Mostre ao seu filho aquilo que você está fazendo. Mostre a xícara, a colher, o arroz.
- Diga sempre o nome das coisas enquanto as mostra.
- Deixe seu filho olhar em baixo da mesa, dentro das gavetas e demais lugares da casa.
- Quando estiver fora de casa aponte as flores, os carros, os animais, as pessoas, os lugares, ao passo que você vai nomeando-os.


Tato
- Dê a seu filho a oportunidade de toca e sentir as coisas. Deixe-o sentar-se na grama e rolar. Deixe-o ocasionalmente, sujar-se de areia, lama ou tinta (não tóxica). Deixe-o brincar com água (cuidado para não deixá-lo sozinho ou se estiver gripado faça outra atividade). Vá nomeando as ações daquilo que está fazendo com ele.
- Faça-o sentir a diferença de um contorno e uma linha reta, uma superfície lisa e uma áspera, a temperatura quente e a fria, o sol e a chuva. Ensine-o as diferentes sensações.


Escutar sons do ambiente
- leve seu filho a aprender a prestar atenção aos sons do ambiente. Diga a ele: “Olha, a porta bateu – quando a porta bater”; “Olha, o carro buzinou”; mostre o canto dos pássaros, o barulho das panelas na cozinha, a vizinha chamando na porta, o latido do cachorro, a música que passa, o carro de som, etc.

Paladar
- Deixe seu filho usar a boca e o nariz para explorar o mundo e as coisas (mas, cuidado com a higiene dos objetos).
- Mostre-o a diferença de sabores: bom, ruim, salgado, doce, azedo, etc.


Odor
Algumas crianças só usam a exploração oral e nãos abem explorar os objetos/coisas pelo cheiro.
- Ensine seu filho a cheirar uma flor, um prato de comida, sentir o odor das fezes, e vá ensinando os cheiros agradáveis e desagradáveis.


Ações
- Mostre a seu filho como sacudir, mexer, balançar, empurrar, puxar dizendo o nome das ações que estão sendo feitas. Mostre como se pode usar os objetos.        

  



sexta-feira, 15 de abril de 2016

Disfagia orofaríngea : a importância do fonoaudiólogo na Unidade de Terapia Intensiva

Disfagia orofaríngea : a importância do fonoaudiólogo na Unidade de Terapia Intensiva

Sara Virgínia Paiva Santos1
Danielle R. Domenis²
Jemima Santos Silva3
Thiago H. de P. Ferreira4
Claudia Sordi2

Sheila Schneiberg2

1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde – Universidade
Federal de Sergipe.
2 Professora Adjunta – Universidade Federal de Sergipe.
3 Pós-graduação em Motricidade Orofacial – Instituto de Desenvolvimento Educacional.

4 Especialista em Disfagia e Voz – Conselho Federal de Fonoaudiologia.


INTRODUÇÃO

A deglutição é uma função biológica complexa e integrada que objetiva condução do bolo alimentar e saliva da cavidade oral até o estômago, através de uma série sincrônica de contrações e relaxamentos musculares. É uma função vital para o aporte nutricional e hídrico do ser humano2,5,15. A deglutição pode ser dividida em quatro fases: preparatória oral, oral, faríngea e esofágica5. Estas fases podem ser visualizadas no Quadro 1. Denomina-se disfagia qualquer dificuldade que comprometa a condução do alimento e/ou saliva da boca até o estômago, decorrente de um processo agudo, crônico ou progressivo, com possível comprometimento nutricional e do prazer alimentar. A disfagia pode ocorrer em qualquer fase da vida15 e acomete cerca de 40% dos adultos acima de 65 anos, chegando a 60% quando se trata de idosos institucionalizados.
A disfagia é um sintoma de múltiplas etiologias, pode decorrer de uma doença de base, ocasionar perda de peso, piora do quadro nutricional, imunossupressão, infecção pulmonar, podendo levar até ao óbito, dada a necessidade de diagnóstico preciso, precoce e tratamento adequado2,6,7,9. A disfagia pode ainda ser classificada levando em consideração as fases acometidas em: oral, faríngea, orofaríngea e esofágica5,15.
O Quadro 2 a seguir apresenta os principais sinais e sintomas de um distúrbio de deglutição2,15.
A análise da biomecânica da deglutição pode ser realizada pela avaliação clínica fonoaudiológica, mediante a ingestão de diferentes alimentos (consistências e volumes variados) ou até mesmo da saliva, durante a qual se observam sinais que indiquem possíveis alterações nessa função.
A oferta de alimentos é precedida por avaliação estrutural minuciosa dos órgãos fonoarticulatórios, que engloba investigação da mobilidade, sensibilidade, força, simetria, capacidade de gerenciar secreções, eficácia da tosse, dentre inúmeros aspectos como nível de consciência do paciente,
utilização de medicamentos e dispositivos15.

Objetivos da avaliação do fonoaudiólogo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

A avaliação do fonoaudiólogo na UTI, além de identificar pacientes com risco2 para apresentar disfagia, abrange os seguintes procedimentos: i) viabilizar a reintrodução segura da terapia nutricional pela via oral (VO); ii) agilizar a dietoterapia pela VO exclusiva; iii) indicar necessidade
de via alternativa de alimentação e o seu desmame; iv) permitir o início precoce da terapêutica fonoaudiológica, considerando sempre a estabilidade clínica do paciente; v) contribuir na decisão de troca e retirada de cânulas de traqueostomia; e vi) auxiliar no desmame ventilatório de
pacientes com ventilação mecânica7,15. Além da avaliação da biomecânica da deglutição, o fonoaudiólogo pode facilitar a comunicação do paciente com a equipe e familiares e instituir métodos suplementares de comunicação para aqueles pacientes com dificuldades na expressão oral.

Quando pedir avaliação do fonoaudiólogo na UTI

A avaliação fonoaudiológica pode ser realizada a qualquer tempo, desde que o paciente não esteja sedado ou intubado, para esses casos não há comprovação científica de eficácia terapêutica15.
Quando o objetivo do pedido da avaliação é introdução de dieta pela VO, consideram-se situações específicas como extubação (retirada do tubo oro ou nasotraqueal), uso de ventilação mecânica não-invasiva (VMNI) e pacientes traqueostomizados7.
De forma geral, solicita-se a avaliação sempre que houver risco ou histórico de broncoaspiração e/ou queixa relacionada à ingestão pela VO, baixa aceitação de dieta oral, pacientes com dificuldade de gerenciar saliva e ou secreção, perda acidental da via alternativa de alimentação, dificuldade de evoluir cânula de traqueostomia e decanulação7,15.
O ideal é que o fonoaudiólogo faça parte da equipe e da rotina da unidade para que possa conhecer os casos, realizar as triagens de risco para disfagia (ou treine a equipe para fazê-la), já iniciar a fonoterapia conforme a necessidade e solicitação médica e colaborar, sobretudo, na implementação de programas de reabilitação da deglutição por meio de indicadores padronizados no ambiente hospitalar10.
Destacaremos abaixo a avaliação fonoaudiológica em algumas situações específicas no ambiente de UTI:

Pós-extubação (naso ou orotraqueal)

Atualmente, a avaliação funcional da deglutição, ou seja, avaliação utilizando alimentos, é indicada para pacientes que permaneceram mais de 48 horas na ventilação mecânica invasiva, pois sabe-se que a partir desse período já pode haver dessensibilização laríngea, o que compromete a proteção de vias aéreas como o reflexo da tosse, aumentando o risco de broncoaspiração4,7,13,15.
A avaliação é realizada após 24 ou até 48 horas pós-extubação no caso de idosos13, no entanto, se considerarmos o impacto previsível da ventilação mecânica invasiva prolongada na deglutição, vale destacar que antes das 24 horas de extubação, apesar de não realizarmos a avaliação funcional, o fonoaudiólogo pode avaliar as estruturas envolvidas na biomecânica da deglutição e intervir no manejo de saliva e secreções. Ainda que o paciente não tenha permanecido mais que 48 horas na
ventilação mecânica invasiva (tubo oro ou/nasotraqueal), devemos considerar a necessidade da avaliação fonoaudiológica nos casos de via aérea difícil e vigência de intubação traumática. Considerar ainda, no momento de introduzir alimentação pela VO: as trocas de tubo, reintubações e intubações para procedimentos cirúrgicos, sobretudo em idosos, que podem representar riscos na reintrodução segura de dietoterapia pela VO7,9.

Pacientes em uso de Ventilação Mecânica Não-Invasiva (VMNI)

O médico intensivista pode solicitar a avaliação do fonoaudiólogo para pacientes em uso de máscaras para VMNI ou mesmo com manutenção de máscara após extubação, para reintrodução de dieta pela VO, exclusiva ou não4,6,9.
Há de se considerar a possibilidade, nesses pacientes, de incoordenação respiratória, dificuldade mastigatória do alimento, possibilidade de fadiga e a dificuldade de realizar a apneia protetora no momento da fase faríngea da deglutição e a devida proteção (isolamento) da via aérea4.
O fonoaudiólogo verificará o risco e a viabilidade da manutenção da dieta pela VO em conjunto com a equipe, procederá a adaptação de utensílios, consistências e volumes, utilização de manobras posturais e/ou de deglutição para que o paciente possa alimentar-se de forma segura4,15.

Pacientes traqueostomizados

A abordagem fonoaudiológica pode ser iniciada desde a ventilação mecânica invasiva (VMI), sobretudo quando o paciente encontra-se em desmame ventilatório e consciente, quando já se prevê um comprometimento mecânico na deglutição causado pelo impacto da VMI prolongada
ou mesmo pela doença de base em pacientes com sinais e/ou sintomas de disfagia4,11. De fato, a presença da traqueostomia pode ocasionar diminuição da elevação laríngea durante a fase faríngea da deglutição, dessensibilização da orofaringe e laringe, fechamento incoordenado da
laringe, redução do tempo de fechamento glótico na apneia da deglutição, afonia/disfonia, alteração da umidificação, aquecimento e filtragem do ar e perda da pressão fisiológica subglótica positiva10.
Após 24 horas da saída da ventilação mecânica já se pode iniciar junto à equipe da unidade a abordagem ao balonete (comumente chamado de cuff) para restabelecer fluxo aéreo nasal e retomar as funções de fonação e deglutição o mais próxima possível da condição fisiológica1.
O pedido de avaliação depende da estabilidade clínica do paciente e do nível de consciência. Não há indicação para avaliação funcional da deglutição com dieta em pacientes com rebaixamento de nível de consciência, visto a manutenção do estado de alerta ser pré-requisito para alimentação4,15.

Pacientes neurológicos

Em pacientes com prejuízo neurológico vale considerar a avaliação das funções comandadas pelos pares cranianos envolvidos diretamente na função da deglutição. Quando há acometimento de tronco encefálico, sobretudo ponte e bulbo, podem ocorrer disfagias graves, mas é também importante citar que lesões hemisféricas podem causar prejuízos motores que interferem nas fases da deglutição, assim como lesões cerebelares.
Pacientes acometidos por acidente vascular encefálico, traumatismo cranioencefálico, esclerose múltipla, tumores cerebrais, entre outras2, podem apresentar aspiração silente, que é a entrada ou presença de conteúdo na via aérea abaixo das pregas vocais sem sinais clínicos observáveis como tosse ou engasgo. Pode ocorrer por prejuízo sensitivo, sobretudo no nervo laríngeo (X par craniano), sendo nesses casos indicada uma avaliação objetiva da deglutição (videofluoroscopia da deglutição ou videoendoscopia da deglutição)7,12,14.
A aspiração silente, por ser “silenciosa”, muitas vezes é despercebida pela equipe nas UTIs, e confiar apenas nos sinais clínicos após a oferta do alimento, sobretudo onde há alto fluxo de pacientes extubados, seria um grande risco, por isso a importância da avaliação pelo fonoaudiólogo. A
liberação da dieta oral sem critérios seguros ocasiona grande porcentagem de aspiração silente e consequentemente altas taxas de pneumonia, assim toda a equipe deve estar atenta: pneumonias de repetição, sem tosse ou engasgo, podem ser por aspiração silente4,5,6.

Condutas fonoaudiológicas

Após a avaliação fonoaudiológica é importante que o caso seja discutido em equipe para tomada de conduta. Para liberação de dieta pela VO de forma segura é necessário: tosse e/ou pigarro eficazes, ausência de sinais de aspiração, manutenção de bom nível de consciência, ausculta cervical sem alterações e capacidade de gerenciamento das secreções/saliva15.
Após a discussão com a equipe, no prontuário deve ficar claro: se está liberada a alimentação pela VO, quais as consistências estão liberadas, qual a frequência da alimentação pela VO, qual o volume, se a oferta é assistida ou não, se assistida: por quem (enfermagem, familiares treinados ou pelo próprio fonoaudiólogo), se necessitam realizar manobras e especificar quais (posturais e/ou de deglutição), e se tem restrições de ingestão de alguma consistência12,15.
Podem ser solicitados exames instrumentais de deglutição para complementação diagnóstica, direcionamento do raciocínio clínico e precisão no processo terapêutico, sobretudo porque os exames permitem a identificação de aspiração silenciosa. A realização da videoendoscopia da deglutição pode ser feita à beira do leito, no entanto a videofluoroscopia da deglutição é considerada como padrão ouro de avaliação objetiva.

Como o fonoaudiólogo reabilita a Disfagia Orofaríngea

O principal objetivo da reabilitação do paciente disfágico é promover uma alimentação segura. Dois tipos de terapia são classicamente utilizadas: a primeira é a terapia indireta, na qual não há apresentação do alimento durante a intervenção, e a segunda é a terapia direta, caracterizada pela
utilização de alimentos e treino de deglutição com bolo alimentar2,11,12.
Durante a fonoterapia são utilizadas técnicas ativas e/ou passivas, visando otimização da musculatura orofacial, a sensibilidade, a coordenação de movimentos associada à manipulação da consistência e volume dos alimentos. Na reabilitação, podem ainda ser utilizadas mudanças posturais, adequação de utensílios, consistências e volumes alimentares2,11,12.
Alguns espessantes alimentares industrializados podem ser utilizados pelo fonoaudiólogo para alcançar determinada consistência, com o objetivo de promover maior segurança durante a alimentação. O nível de colaboração do paciente é proporcional à eficácia terapêutica a que se propõe. 
O treinamento muscular respiratório e o biofeedback são estratégias que tem sido utilizadas recentemente4,8. O fonoaudiólogo desenvolve trabalho de coordenação da respiração com a deglutição a fim de maximizar a apneia protetora da deglutição e garantir uma deglutição mais
segura. Para pacientes traqueostomizados utiliza-se válvula de fala, um dispositivo que pode ser conectado à cânula de traqueostomia sem a necessidade de oclusão digital1,11.
Exercícios vocais também podem ser utilizados na reabilitação da disfagia, visto que os esfíncteres labiais, velofaríngeo e glótico estão envolvidos na produção da voz e da deglutição, de fato, a qualidade da voz é sinal preditivo de risco para broncoaspiração. A eletroestimulação
neuromuscular também tem sido destacada como técnica promissora no tratamento da disfagia3.
A abordagem fonoaudiológica na UTI deve ser realizada em conjunto com toda a equipe multiprofissional e dessa interação depende o desfecho favorável do paciente. Com os profissionais envolvidos (nutricionista, fisioterapeuta, médico, psicólogo, terapeuta ocupacional, odontólogo, enfermeiro, assistente social, etc.) discutem-se todos os processos de mudança de conduta que envolve o paciente, sua estabilidade e melhora clínica.

Principais benefícios da atuação fonoaudiológica no doente disfágico

A atuação do fonoaudiólogo ao paciente disfágico pode trazer inúmeros benefícios4. Dentre eles podemos citar: i) a redução dos índices de pneumonia associada à broncoaspiração; ii) redução do tempo de uso de dispositivos invasivos alternativos para alimentação12; iii) redução do tempo de
ventilação mecânica via traqueostomia10; iv) otimiza o processo da decanulação de pacientes traqueostomizados. Todos os benefícios citados ainda contribuem para uma aceleração da alta hospitalar, redução de custos, evita reinternações e com isso contribui-se para melhora considerável na qualidade de vida do paciente6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os distúrbios de deglutição devem ser diagnosticados precocemente e tratados a fim de se maximizar a alta hospitalar e reduzir agravos à saúde. O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para tratar a disfagia orofaríngea e pode ser solicitado sempre que houver queixas do paciente, sinais de dificuldade de deglutir ou pneumonias aspirativas recorrentes. A instituição de protocolos, sobretudo de triagem, no ambiente hospitalar reduz tempo de internação e deve ser uma estratégia de escolha, sobretudo em UTIs neurológicas, cardiológicas e gerais. A discussão dos casos em equipe é condição “sine qua non” para condutas mais acertadas, viabiliza melhor prognóstico, diminui custos, possibilita a alta hospitalar em menor tempo, evita reinternações, reduz riscos de morte, mas principalmente possibilita melhor qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS
1. Barros APB, Portas JG, Queija DS. Implicações da traqueostomia na comunicação e na deglutição. Rev Bras Cir cabeça Pescoço. 2009;38(3)202-7.
2. Bassi D, Furkim AM, Silva CA, Coelho MSPH, Rolim MRP, Alencar MLA de, et al. Identificação de grupos de risco para disfagia orofaríngea em pacientes internados em um hospital universitário. CoDAS. 2014;26(1):17-27.
3. Guimarães BTL, Furkim AM, Silva RG da.Eletroestimulação neuromuscular na reabilitação da disfagia orofaríngea. Rev Soc Bras Fonoaudiol.2010; 15(22):615–21.
4. Ísola AM, Fussi C. Ventilação mecânica não invasiva e sua relação com a deglutição. In: Furkim AM, Rodrigues KA. Disfagias nas unidades de terapia intensiva. 1ª Edição. São Paulo: ROCA; 2014:87-99.
5. Jotz GP, Dornelles S. Fisiologia da deglutição. In: Jotz GP, Angelis EC de, Barros APB. Tratado de deglutição e disfagia no adulto e na criança. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Revinter; 2009:16-19.
6. Junior CT, Camargo FP de, Carvalho CRR. Pneumonia aspirativa associada a alterações da deglutição. Relato de caso. RBTI. 2007. 19(1):118-122.
7. Kunigk MRG, Chehter E. Disfagia orofaríngea em pacientes submetidos à entubação orotraqueal. Rev da Soc Bras Fonoaudiol. 2007; 12(4):287-91.
8. Martin-Harris B, McFarland D, Hill EG, Strange CB, Focht KL, Wan Z, et al. Respiratory Swallow Training in Patients With Head and Neck Cancer. Arch Phys Med Rehabil. 2015; 96:885-93.
9. Moraes AMS, Coelho WJP, Castro G, Nemr K. Incidence of disphagia in Intensive Terapy Service of adults. Rev CEFAC. 2006; 8(2):171-177.
10. Moraes DP, Andrade CRF de. Indicadores de qualidade para o gerenciamento da disfagia em Unidades de Internação Hospitalar. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 23(1):89-94.
11. Rodrigues KA, Machado FR, Chiari BM, Rosseti HB, Lorenzon P, Goncalves MIR. Reabilitação da deglutição em pacientes traqueostomizados disfágicos sob ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva: um estudo de factibilidade. Rev Bras Ter intensiva. 2015; 27(1):64-71.
12. Silvério CC, Hernandez AM, Gonçalves MIR. Ingesta oral do paciente hospitalizado com disfagia orofaríngea neurogênica. CEFAC. 2010:964-70.
13. Solh AE, Okada M, Bhat A, Pietrantoni C. Swallowing disorders post orotracheal intubation in the elderly. Intensive Care Med. 2003; 29:1451-55.
14. Swanson PB, Carrau RL, Murry T. Avaliação da deglutição com Fibroendoscópio-FEES. In: Jotz GP, Angelis EC de, Barros APB. Tratado de deglutição e disfagia no adulto e na criança. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Revinter; 2009:76-81.
15. Vale-Prodomo LP do, Angelis EC de, Barros APB. Avaliação clínica fonoaudiológica das disfagias. In: Jotz GP, Angelis EC de, Barros APB. Tratado de deglutição e disfagia no adulto e na criança. 1ª Edição. Rio de Janeiro:
Revinter; 2009:61-67.

Como citar este capítulo:
Santos SVP, Domenis DR, Silva JS, Ferreira THP, Sordi C, Schneiberg S. Disfagia orofaríngea: a importância do fonoaudiólogo na Unidadede Terapia Intensiva. In: Paranhos LR, Sordi C, César CPHAR, organizadores. Coletâneas em saúde. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2016. 4v. p.51-60.

Coletâneas em Saúde – Volume IV
Organizadores
Luiz Renato Paranhos
Cláudia Sordi
Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro César

DISTÚRBIOS DA VOZ EM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL



Amanda Louize Félix MENDES1
Sara Virgínia Paiva SANTOS1
Danilo Augusto de Holanda FERREIRA2
Maria Fabiana Bonfim de LIMA-SILVIA3

1 Mestranda em Ciências Aplicadas à Saúde pela UFS, Lagarto (SE);
2 Professor do IFPB, João Pessoa (PB);
3 Professora da UFPB, João Pessoa (PB).

amanda.louiize@gmail.com

RESUMO: Os distúrbios da voz são definidos como qualquer alteração da produção vocal, podendo se caracterizar por uma desordem funcional e/ou orgânica do trato vocal. Entretanto, nem todos os professores que apresentam sintomas vocais consideram suas vozes como indicativo de distúrbios da voz. O objetivo deste estudo foi identificar o possível risco para distúrbios da voz baseado na autorreferência a sintomas vocais de professoras. A amostra foi constituída por 27 professoras do ensino fundamental I de quatro escolas da rede pública, selecionadas de forma não probabilística e por conveniência. Para levantamento dos sintomas vocais, foi utilizado o “Índice de Triagem para Distúrbio de Voz”. Foi realizada análise descritiva dos dados encontrados. Foi verificado maior referência em relação aos sintomas de garganta seca (18 – 66,7%), pigarro (15 – 51,9%), tosse seca e cansaço ao falar (13 – 48,1%), rouquidão e voz grossa (12 – 44,4%). Dentre as participantes desta pesquisa 15 (55,5%) pontuaram entre 0 e 4 sintomas, enquanto 12 (45,5%) obtiveram pontuação variando entre 5 e 10, indicando risco para distúrbios da voz. Conclui-se que houve indicativo para distúrbios da voz em 12 professoras. Os sintomas vocais mais relatados foram garganta seca, pigarro, tosse seca, cansaço ao falar, rouquidão e voz grossa.

Palavras-chave:Fonoaudiologia. Saúde do trabalhador. Avaliação de sintomas.

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DISTÚRBIOS DA VOZ EM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
CAPÍTULO 30

http://www.sinasama.com.br/principal.php

Uso da Atropina solução oftálmica ou solução injetável no manejo da salivação excessiva (UTI)



Na literatura na há estudos comparando as diferentes opções terapêuticas disponíveis para o manejo da sialorréia. Mesmo com poucas evidências que comprovem a efetividade, para adultos, a Atropina 1% solução oftalmológica geralmente é usada de 1 a 2 gotas ( 0,5 a 1mg), de 4 a 6 horas quando necessário ( não excedendo 10 mg diário), sublingual.(1)(2) Um pequeno estudo placebo-controlado randomizado que avaliou a efetividade da Atropina sublingual no tratamento da hipersalivação, falhou ao demonstrar algum efeito benéfico.(3) Na forma de solução injetável, 0,4 a 0,6 mg pode ser administrada IM, IV ou SC por 30 a 60 minutos, e repetida de 4 a 6 horas quando necessário.(1)(2) O uso sublingual da Atropina apresenta algumas vantagens em relação ao uso da forma injetável: melhor biodisponibilidade e rapidez na ação local.(4) Efeitos adversos causados pela Atropina incluem taquicardia, vasodilatação, constipação e retenção urinária. Também pode resultar em efeitos sobre o sistema nervoso central (ataxia, alucinação, incoerência verbal, hiperatividade, convulsão e febre), principalmente em pacientes mais sensíveis (crianças e idosos).(5)

BIBLIOGRAFIA:
(1)                Lexi-Comp Drug Information Handbook 2014. Atropine( Lexi-Drugs).American Pharmacists Association (AphA), Inc;
(2)                http://reference.medscape.com/drug/atreza-atropine-po-342061; Acessado em Fevereiro, 2016;
(3)                De Simone GG, Eisenchlas JH, Junin M et al. Atropine drops for drooling: a randomized controlled trial. Palliat Med 2006;20:665-671.
(4)                Rajpal S, Ali R, Bhatnagar A, Bhandari SK, et. al.  Clinical and bioavailability studies of sublingually administered atropine sulfate.  Am J Emerg Med. 2010 Feb;28(2):143-50.

(5)                http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmResultado.asp#; Acessado em Fevereiro, 2016.

RESPONSÁVEL PELA PESQUISA:
FARMACÊUTICOS- Quênnia Garcia M. Resende CRF/SE-543 /Keila X. Alencar Alves CRF/SE - 503

Avaliação fonoaudiológica na síndrome de Sturge- Weber: um estudo de caso

Fonoaudiological evaluation of the syndrome Sturge-Weber: a case study

Sara Virgínia P. Santos e Laura Giotto Cavalheiro - Faculdades Jorge Amado


A Síndrome de Sturge-Weber apresenta-se como uma alteração vascular das meninges e córtex cerebral, de rara ocorrência estimando-se freqüência em torno de 1/50000 habitantes, não hereditária e congênita. É de etiologia desconhecida, porém desconfia-se de persistência de um plexo vascular ao redor da porção cefálica do tubo neural, apresenta-se com a mesma freqüência em ambos os sexos. Caracteriza-se por uma gama de manifestações sistêmicas e bucais, angioma
cutâneo facial, nevo de coloração vinho-do-porto geralmente unilateral, acompanhando segmento do
nervo trigêmio, hiperplasia gengival, deficiência mental, afecções oculares, macrocefalia, hemiplegia espástica, paresias, atraso do desenvolvimento motor, hipertrofias contralaterais e crises convulsivas. A Síndrome de Sturge-Weber (SSW) recebeu esse nome em decorrência da descrição de casos clínicos realizada pelos médicos Sturge, em 1879, e Weber, em 1922, embora outros médicos e pesquisadores tenham acrescentado muito para a compreensão dessa síndrome, a exemplo de Doutor Schimer, que já em 1860 havia descrito o primeiro relato sobre angiomatose. Devido ao fenótipo descrito acima, em muitos casos, conforme confirmado pela literatura, há evidências de alterações do sistema estomatognático, no entanto, pouco se descreveu para crianças com SSW a presença de outras alterações fonoaudiológicas. Assim, o objetivo desse estudo foi descrever o desempenho apresentado na avaliação fonoaudiológica clínica de uma paciente com diagnóstico genético de Síndrome de Sturge-Weber. A paciente em estudo tinha 3 anos e 9 meses de idade, sexo feminino, nasceu de 32 semanas, Segundo relatório médico apresenta Síndrome de Sturge-Weber e comprometimentos associados a síndrome como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e crises convulsivas tônicas, que nestes caso ocorreram por  volta dos 12 meses de idade e foram de difícil controle porém no momento não á mais crises devido a intervenção medicamentosa. No que se refere a avaliação fonoaudiológica a paciente foi submetida a avaliação da motricidade e funções orofaciais que foi realizada através de avaliação miofuncional passiva, devido à falta de compreensão da paciente. Utilizou-se como referência para observação os aspectos descritos no Protocolo de Avaliação das Funções Miofuncionais Orofaciais. As habilidades da linguagem oral foram avaliadas através de atividade lúdica na interação da paciente com a fonoaudióloga
e seus pais. A análise desta situação interacional seguiu os parâmetros informados pelo Teste de Linguagem Infantil nas Áreas de Fonologia, Vocabulário, Fluência e Pragmática. Além disso, foi realizada a Escala de Desenvolvimento Denver II que investigou o desempenho da paciente nos níveis Pessoal-Social, Motor Fino-Adaptativo, Linguagem e Motor Grosso, foi baseado na observação direta das ações realizadas pela criança e no relato dos pais. Ao realizar a avaliação
da motricidade e funções orofaciais foi observado a paciente apresenta nevo cutâneo de face unilateral à direita, cabeça inclinada em relação ao corpo, assimetria de olhos, nariz, face e orelhas, lábios ocluídos com tensão, rigidez de bochechas e músculo mentual, além de alteração de mobilidade de bochechas e lábios, inadequação de postura, desvio de mandíbula e rotação anterior dos ombros. Durante a inspeção oral Observou-se má-oclusão dentária, hiperplasia gengival, assimetria de palato e alteração de mobilidade, com atraso do disparo do reflexo de deglutição, posição habitual de língua anteriorizada com alteração da mobilidade, sensibilidade e tônus e
presença de reflexo de gag. Apresentou reflexos de procura e sucção primitivos, que não impediram o
desenvolvimento dos padrões de deglutição e alimentação. Na ausculta laríngea foi possível
identificar sinais clínicos de penetração no nível das pregas vocais, respiração ruidosa após a deglutição da consistência líquida. Os resultados do Denver II demonstraram atraso nos quatro níveis avaliados quando comparados ao padrão etário esperado. A avaliação das habilidades pragmática demonstrou uso predominantemente do meio comunicativo gestual, não havendo registros de atos comunicativos verbais (0%), relativa utilização do meio comunicativo vocal
(10%), com predominância do meio comunicativo gestual (90%). Foi possível identificar funções
comunicativas de pedido de ação, exclamativa, exploratória e protesto, com grande uso de função
não focalizada. Na escala de desenvolvimento Denver II foi observado dificuldade no nível Pessoal-Social que revelou apenas 4% de presença das ações abordadas, aparecendo em seguida o nível Motor Fino com 8,33%, Linguagem 14,28% e Motor Grosso de 59,26%. Os achados sugeriram alterações nos aspectos fonoaudiológicos avaliados. A motricidade, assim como as funções orofaciais, encontra-se alterada em decorrência das alterações estruturais, morfológicas, de mobilidade e tonicidade das partes envolvidas. Tais alterações interferem diretamente no processo muscular e neural para realização de uma deglutição sem riscos. A disfagia é ocasionada pela inabilidade e incoordenação das estruturas envolvidas o que alerta para uma conduta cuidadosa e assistida da paciente. A habilidade pragmática da linguagem oral encontra-se alterada, porém demonstra que a paciente apresenta tentativas comunicativas o que favorece o processo reabilitador da pragmática e permite a aquisição das demais habilidades lingüísticas. Ainda vale ressaltar que ao ser analisados o desempenho da paciente no Denver II, o nível Pessoal-Social revelou ser o mais comprometido, seguidos dos níveis Motor Fino, Linguagem e Motor Grosso, compatível com a seqüência de desenvolvimento normal, sendo o motor grosso o primeiro a se desenvolver, no entanto todas as habilidades ainda apresentam defasagens significativas se comparadas a idade cronológica da paciente o que demonstra que além do acompanhamento fonoaudiológico há necessidade de intervenções direcionadas nas especialidades de fisioterapia e terapia ocupacional. A disfagia é uma manifestação comum do fenótipo descrito a síndrome.
No entanto, as demais avaliações demonstram que a SWW apresenta outras manifestações
fonoaudiológicas e ainda indicam a interação da atuação fonoaudiológica com outros profissionais o
que pode promover melhor prognóstico clínico para a paciente. Conforme desempenho apresentado, a paciente apresenta diagnóstico fonoaudiológico de Distúrbio de Linguagem e Disfagia. Há, portanto, necessidade de terapia fonoaudiológica para maximizar a comunicação e adequar as estruturas e funções motoras orofaciais assim como encaminhamento para outras áreas da reabilitação a fim de potencializar o processo de desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor e social da paciente. 

Palavras-Chave: Fonoaudiologia; Genética.


Pró-Fono Revista de Atualização Científica. 2008;20(Supl).

Referenciar este material como:
Santos SVP, Cavalheiro LG. Avaliação fonoaudiológica na síndrome de Sturge-Weber: um estudo de caso [resumo 9]. Pró-Fono Revista de Atualização Científica
[Internet]. 2008 [citado 2008 out 13];20(Supl):26-8. [Apresentado no II Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e Genética dos Distúrbios da Comunicação; 2008;

Fortaleza, Ceará]. Disponível em: www.revistaprofono.com.br.